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sábado, 5 de março de 2016

Rita Lee: Caixa com 21 CDs reúne obra fundamental do pop rock nacional

Rita Lee Jones, 68 anos, sempre fez jus à fama de boa garota má, com muito talento e irreverência.
No começo do DVD Ovelha Negra, o primeiro dos três reunidos no box Biograffiti, lançado em 2007 pela gravadora Biscoito Fino, Rita Lee confessa que nunca gostou das garotas boazinhas, que elas são chatas. Não por acaso, depois que  terminou o segundo grau no Liceu Pasteur, em São Paulo, Rita foi proibida de um dia voltar por ter botado fogo no teatro da escola.
Bem, da adolescência à fase madura, já estabelecida como um dos artistas brasileiros mais influentes da história da nossa música popular, a ruiva Rita Lee Jones, 68 anos, sempre fez jus à fama de boa garota má, com muito talento e irreverência.
A caixona Rita Lee (Universal/R$ 436), com 21 CDs remasterizados a partir do som dos álbuns originais, dimensiona a importância da obra da artista que começou a carreira com Os Mutantes, nos anos 1960, e depois brilhou ainda mais no caminho solo.
Aliás, ela foi excluída estupidamente dos Mutantes, a banda mais importante da história do rock nacional, porque os irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias decidiram que o grupo iria fazer rock progressivo e, segundo eles, a cantora não sabia tocar direito nenhum instrumento.
Tutti Frutti
A face roqueira mais clássica de Rita Lee solo aparece nos quatro discos gravados com a Tutti Frutti nos anos 70: Atrás do Porto Tem Uma Cidade (1974), a obra-prima Fruto Proibido (1975), Entradas e Bandeiras (1976) e Babilônia (1978). Na banda destacavam-se o excelente guitarrista Luis Sergio Carlini e o baixista Lee Marcucci.
São desse período pérolas como Menino Bonito, Mamãe Natureza, Agora Só Falta Você, Corista de Rock, Cartão Postal Esse Tal de Roque Enrow, Ovelha Negra, Miss Brasil 2000, Jardins da Babilônia e Eu e Meu Gato, tema de abertura da novela global O Pulo do Gato (1978), de Bráulio Pedroso (1931-1990).
A década de 70 foi, sem dúvida, o auge criativo da compositora. Ela conciliava sua atitude de roqueira (num tempo em que ser roqueiro no Brasil era ter “cara de bandido”) com canções exclusivas para novelas da Globo, passando por turnê/disco com o amigo tropicalista Gilberto Gil e uma verve irônica avassaladora, como no hit Arrombou a Festa (1976), parceria com Paulo Coelho, na qual esculhambava a dominante MPB.
Explosão pop
A década seguinte, para contrariedade dos fãs mais roqueiros da artista, transformou Rita Lee numa (quase) unanimidade nacional: ao lado do marido e guitarrista Roberto de Carvalho, que ela conheceu em 1976, a cantora se aproximou mais do pop e dominou as paradas. Especialmente entre 1979 (o disco Rita Lee) e 1983 (Bombom).
Os álbuns Rita Lee (1979), Rita Lee (1980) e Rita Lee (1981) são obras-primas da artista, com hits sublimes na química entre qualidade da canções e das letras. 
Aliás, todas as oito faixas do segundo trabalho, que vendeu 800 mil cópias, emplacaram nas rádios: Lança Perfume, Bem-Me-Quer, Baila Comigo, Shangrilá, Caso Sério, Nem Luxo Nem Lixo, João Ninguém e Ôrra Meu.
A parceria com Roberto de Carvalho enfrentaria altos e baixos no final dos anos 80, chegando mesmo a ser interrompida no início dos anos 90, mas tem lugar garantido entre as melhores da MPB.
Defeitos
Um registro classudo e radiográfico da parceria Rita Lee & Roberto de Carvalho é o Acústico MTV (2004). A cantora fez releituras de sucessos de todas as fases de sua carreira e recebeu Cássia Eller (1962-2001), Paula Toller, Milton Nascimento e Titãs como convidados. O Acústico, claro, está na caixona.  
Em tempo: o primeiro lote da caixa Rita Lee apresentou dois defeitos de fábrica nos CDs Refestança (1977) e 3001 (2000). Refestança, com Gil, silencia nos segundos iniciais da faixa Back in Bahia -  e 3001 toca Por Enquanto (Renato Russo), com Cássia Eller, no lugar da faixa Erva Venenosa.
Com contato através do seu site oficial, a Universal Music faz a troca dos dois CDs. A nova tiragem, já nas lojas, solucionou o chato problema.

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