Falsa advogada pedia para
clientes faxinarem sua casa
POR WALDIR JUNIOR DE SALVADOR/BA
FONTE: LEIA JÁ
A Polícia Civil de Olinda, na Região Metropolitana do Recife,
prendeu uma falsa advogada que aplicava golpes em pessoas de baixa renda do
município.
Luciene Santina de Barros, de 31 anos, chegava a pedir que sues
clientes fizessem serviços de limpeza em sua residência quando não tinham
dinheiro.
A suspeita de estelionato já atuava há algum tempo. Os primeiros
registros são em Cavaleiro, bairro de Jaboatão dos Guararapes, também na RMR,
onde há uma série de denúncias junto à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de
pessoas lesadas.
Em Olinda, ela dizia se chamar Ludmila Moura. Desde abril, após
pressão de clientes que cobravam a resolução de seus casos, ela havia
fugido para o município de Igarassu e já estava com novo visual, chamando-se
Jaqueline e tentando se estabelecer novamente como advogada.
Só em Olinda há oito processos em aberto contra Luciene. A
delegada Euricélia Nogueira, responsável pelas investigações, acredita que o
número deve subir após a divulgação da história na imprensa. “No celular dela
havia 112 contatos bloqueados no WhatsApp. Saí liberando todos e apareceu
mensagens ‘cadê minha ação?’ e ‘você tá me devendo tanto’”, contou Nogueira.
Maria de Lourdes de Sá, comerciante de 53 anos, foi uma das
vítimas de Luciene. Ela procurou os serviços da “advogada” em dezembro de 2015
para obter informações sobre aposentadoria.
Segundo Maria de Lourdes, Luciene dizia que a cliente tinha
direito à aposentadoria do marido, recém falecido, apesar da própria Maria de
Lourdes discordar. Com a negativa, a suspeita disse que poderia conseguir a
aposentadoria por invalidez.
“Eu contratei ela, paguei logo R$ 1,5 mil pelo trabalho. A gente
foi fazendo amizade e essa amizade cresceu. Aí ela precisou do cartão pra
comprar um ar condicionado, um celular e outras compras. Ela dizia ‘eu lhe pago
direitinho’”, lembra Maria de Lourdes de Sá. Luciene nunca pagou.
A vítima contabiliza ter ficado com um prejuízo de R$ 10.750. Ela
conseguiu reaver o ar condicionado e o celular – este último teve as
funcionalidades bloqueadas pela suspeita.
O presidente da Comissão Contra o Exercício Ilegal da Profissão da
OAB, Helder Pessoa de Macedo, foi responsável por fazer uma representação e
entregar à delegada. Segundo ele, a população precisa ficar mais atenta ao
contratar um advogado.
“Você precisa saber se a pessoa realmente tem o registro no
Cadastro Nacional dos Advogados (CNA). Ou você vai na OAB e pede a certidão do
advogado ou faz a pesquisa no próprio site da ordem”, explica.
Luciene Santina de Barros vai responder por estelionato, exercício
ilegal da profissão e falsidade ideológica. Ela foi encaminhada à Colônia
Penal Feminina do Bom Pastor, no Recife.
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