Ex-Flamengo ganha mais como taxista do que como
atacante no Carioca e detona Uber
POR WALDIR JUNIOR DE SALVADOR/BA
FONTE: ESPN BRASIL
![Revelado na base do Flamengo, Érick Foca é taxista nas horas vagas no RJ](http://cdn.espn.com.br/image/wide/622_a634de8f-f16b-3714-887f-d66528f3f321.jpg)
© Divulgação Erick Foca Taxi Divulgação
A realidade da maioria dos jogadores de
futebol passa longe do luxo e do glamour dos grandes clubes brasileiros.
Sofrendo com salários baixos, que constantemente atrasam, vários atletas
precisam fazer um trabalho por fora para complementar a renda. O atacante Érick
Foca, do Duque de Caxias, que disputa a Série B do Carioca, divide seu tempo
entre os gramados e um táxi nas ruas do Rio de Janeiro.
Revelado nas categorias de base do
Flamengo, o jogador de 27 anos sofria com o desemprego após o final do Estadual
de 2013 quando resolveu aceitar um convite para a nova profissão.
"Estava bastante tempo parado e a
maioria dos times menores do Rio não paga em dia. Meu pai foi taxista por 38
anos e quando eu estava cinco meses sem salários nos tempos de América-RJ ele
falou pra eu pegar o táxi e fazer um dinheiro", contou o jogador, aoESPN.com.br.
"Como tinha uma filha pequena, eu
aceitei. É uma opção de trabalho quando estou sem clube, mas agora eu estou no
táxi mesmo após acertar com o Duque de Caxias. Depois dos treinos eu vou fazer
um dinheiro extra no táxi porque o futebol não está fácil", prosseguiu.
![Erick Foca](http://cdn.espn.com.br/image/vertical/300_4542e713-bea1-38d2-8284-6e5f47f7cc07.jpg)
© Divulgação Erick treinando no Duque de Caxias
Mesmo sendo encarado como um
"bico", Erick garante que dirigir profissionalmente é mais vantajoso
do que o futebol. "Sinceramente, hoje ganho mais como taxista se ficar só
nisso do que jogando bola. Quando estava numa situação melhor, fazendo gols e
em evidência recebia mais. Só que eu preciso do futebol para poder retomar
minha carreira, conseguir me projetar de novo e daí sim ter um salário
melhor", afirmou.
O atacante acompanhou de perto as
manifestações contra o Uber, empresa multinacional americana de transporte
privado urbano através de um aplicativo e que oferece um serviço semelhante ao
táxi tradicional, conhecido popularmente como serviços de "carona
remunerada". Para ele, a quantidade de taxas pagas pelos taxistas é
injusta se comparado ao novo concorrente.
"Eu e mais seis irmãos fomos
criados pelo meu pai que era taxista e sei o quanto ele ralou com isso. Para poder
ter algum lucro a gente precisa ficar muitas horas na rua pilotando. Nós
pagamos muitas taxas como taxistas para trabalhar. Ou a prefeitura faz todos
pagarem a mesma taxa ou ninguém paga. Ou o Uber paga o que a gente paga, ou a
gente só trabalha com aplicativo e acabou, bora trabalhar. O que não pode é a
gente pagar uma série de taxas e os caras nada", analisou.
"Os carros deles são de luxo, mas
depois do Uber X não tem nada de luxo. São populares e muito mais baratos que o
táxi, eles prejudicaram muito mais do que Uber Black, que são carros de
luxo", continuou Érick, sem medo de criticar o serviço.
![Erick Foca defende o Duque de Caxias](http://cdn.espn.com.br/image/wide/325_f567935e-f55b-388c-8e80-8d6eac1ea8a8.jpg)
© Divulgação Erick defende o Duque de Caxias
Histórias com passageiros
Trabalhando como taxista, Érick
coleciona diversas histórias engraçadas com seus passageiros. Segundo o
atacante do Duque de Caxias, são muitos os tipos de pessoas que entram em seu
carro, inclusive atores e jornalistas.
"Eu já levei alguns amigos
jogadores de futebol e uma vez uma equipe da ESPN do aeroporto para Botafogo,
onde ficava a sede. O cara lembrou de mim porque joguei no Nova Iguaçu, foi ano
passado. Já levei uma atriz da Record que está há pouco tempo", contou,
sem se lembrar dos nomes.
Já houve até o caso de passageiros que
tentaram 'mexer' com ele. "Tem cara que não respeita a gente (risos).
Alguns homens gays ficam fazendo perguntas indiscretas, perguntam o tamanho do
'negócio' e já fico sério e coloco limite (risos)", gargalhou.
E quando o usuário do táxi é aquele
bêbado que acaba de sair da balada?
"São os piores de todos (risos).
Eles querem abrir o vidro, mexer no som, ficam gritando. Eu evito fazer corrida
de madrugada e, quando estou trabalhando de noite, evito pegar caras de balada
que estão com amigos porque querem fazer alguma gracinha (risos)",
lembrou.
"Já levei várias vezes em p...
também (risos). Esses dias mesmo peguei um cara que saiu do aeroporto, falou
que estava estressado, trabalhando demais e foi pra lá dar uma relaxada na casa
de massagem (risos)", diverte-se.
Com gringos também há problemas. Às
vezes ele consegue se virar em outras línguas, como no alemão, uma vez que já
atuou pelo Goppingen, da quarta divisão da Alemanha. Mas quando entrou em seu
carro um japonês, as coisas complicaram.
"Ele saiu de Botafogo, no hotel
Mercury, perguntou quanto era pra ir ao Galeão, mas não posso fazer corrida
fechada, tem que ligar o taxímetro, né? Ele me irritou muito. O cara não queria
pagar a corrida, daí começou a gritar. Eu saí do carro, fui ao hotel e chamei o
pessoal, mandei explicarem a situação a ele. O cara era muito ignorante, tinha
andado e queria que eu desse o preço, mas não posso fazer isso, é ilegal",
disse, revoltado.
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